Nenhum lugar é seguro para as mulheres
Sthefany Rocha
Todos os dias mulheres e meninas saem de casa com medo, porém, diferente dos homens não é de um furto, assalto ou brigas, o medo é de sofrer violência sexual e assédio. Desde criança ensinadas a não andar sozinhas nas ruas, ter cuidado com a roupa, não passar em certos locais, não falar com estranhos, principalmente se for do sexo masculino. Alertas passados de mãe para filha e que demonstram como o mundo é cruel para as mulheres. Abrir mão do lazer e de características visuais para tentar garantir a própria segurança.
De acordo com Fórum Nacional de Segurança Pública, no ano de 2021, 56.098 casos de estupro, incluindo os vulneráveis, foram registrados nas delegacias do Brasil. A cada dez minutos, uma mulher é vítima de violência sexual, sem contabilizar a subnotificação, visto que muitas mulheres não denunciam os estupradores e não fazem boletim de ocorrência, muitas vezes, por medo dos agressores ou vergonha da violência que sofreram.
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Uma mulher foi estuprada pelo anestesista durante o parto e, infelizmente, não é um caso isolado. O crime, mais uma vez, ativa um alerta para a sociedade: todos lugares, até mesmo os considerados seguros, podem ser locais perigosos para as mulheres. Um anestesista estuprador se aproveitou do momento de maior fragilidade das pacientes para praticar uma das piores violências. Os abusos não provocaram desconfiança nos médicos que o acompanhavam, até que uma equipe de enfermeiras suspeitou do comportamento desse criminoso e gravou o ato de violência para fazer a denúncia.
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O cenário é tão trágico e bárbaro que há uma naturalização da violência sexual e assédio e, frequentemente, “justificadas” por pessoas que deveriam nos proteger, como autoridades e delegados. “Ela estava com roupa curta”, “eles conversavam”, “ela não se respeitava”, frases como estas são repetidas cotidianamente e são reflexo de uma cultura violenta machista, que objetifica mulheres e sexualiza crianças e adolescentes.
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Alcançamos alguns direitos e existem leis que amparam as mulheres, porém o caminho ainda é muito longo e cheio de percalços. O sonho de um dia poder andar tranquilamente pelas ruas sem medo e ter segurança em qualquer espaço está muito distante da realidade brasileira.